Dia Europeu da Psicomotricidade

Dia Europeu da Psicomotricidade

Hoje é dia do Psicomotricista e, decidimos desconstruir um bocadinho a nossa prática, tal como fazemos diariamente com as nossas crianças… Hoje vamos começar ao contrário… Na maioria das vezes, quando pensamos nas crianças que tem dificuldades na escola, pensamos quase de imediato, que o problema está no nível de ensino em que esta se encontra. Mas talvez fosse importante refletir sobre este tema, pois em muitos destes casos, os problemas estão relacionados com as bases “os pré-requisitos”, ou com as condições necessárias para que a criança consiga fazer uma boa aprendizagem e, que constituem a estrutura da educação psicomotora.

A educação psicomotora procura promover a vivência harmoniosa da criança com o seu corpo, com os outros e com o meio que a rodeia, permitindo um adequado desenvolvimento global, rico em estímulos e experiências motoras, que constituem ferramentas basilares para o sucesso das aquisições académicas. Ao fazê-lo de uma forma lúdica e dinâmica, o Psicomotricista possibilita que a criança participe no seu processo de aprendizagem e associe as atividades realizadas a experiências positivas, o que irá facilitar a consolidação das aprendizagens e a disponibilidade para se desafiar e explorar ao máximo todo o seu potencial.

Quando uma criança revela um esquema corporal mal constituído, pode apresentar dificuldade em coordenar bem os seus movimentos. É uma criança que demora mais tempo a despir-se, ou a fazer trabalhos manuais e que os faz de forma desajeitada. Tem uma caligrafia feia, e a leitura expressiva é pouco harmoniosa, não segue o ritmo de leitura e pára no meio de uma palavra.

Uma criança com a lateralidade mal definida pode encontrar problemas de ordem espacial, pois não percebe a diferença entre o seu lado dominante (lado do corpo preferencial) e o outro lado, não distingue a direita da esquerda, e é lhe difícil seguir uma direção gráfica (fundamental na leitura – da esquerda para a direita). Estas dificuldades traduzem-se igualmente, em tarefas no quadro, ao copiar o que lhes é pedido, por exemplo.

A perceção espacial é também elemento fundamental, pois permite à criança distinguir um “b” de um “d”, ou seja, a perceção de que quando a perna está à esquerda se lê de uma maneira, e quando está à direita se lê de outra. O mesmo acontece para se fazer a distinção entre um “21” de um “12”. Um outro exemplo, mas que se refere à importância da distinção entre alto e o baixo é a diferenciação entre um “b” e um ”p” ou um ”n” e um ”u”. Por vezes damos estas competências como um dado adquirido, mas se analisarmos as dificuldades da criança, são mais comuns do que parece.

As preposições temporais (ex.: noção de “antes-depois”), conduzem principalmente à confusão na ordenação de elementos de uma sílaba ou palavra, e nestes casos vemos crianças que sentem dificuldade em reconstruir uma frase cujas palavras estejam baralhadas.

Parece-nos que a psicomotricidade poderá ter um efeito considerável sobre a aprendizagem escolar e o rendimento da criança. Permitir o seu envolvimento no próprio processo de aprendizagem e dar relevo aos seus interesses é um ponto chave para que ela fique motivada e disponível para a aprender.

Cabe-nos estar mais alerta e disponíveis para percebermos as necessidades das nossas crianças.


Ana Silva – Psicomotricista
Joana Ramos – Psicomotricista

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