A Comunicação e a Síndrome de Asperger
Comunicação vem do latim communicare, que significa partilhar algo, pôr em comum, compartilhar, trocar opiniões/informações. É um fenómeno inerente à relação que os seres vivos mantêm quando se encontram em grupo, sendo esta a base para as interações sociais e emocionais entre as pessoas.
Entre os seres humanos existe a comunicação verbal (oral, escrita, símbolos) e não verbal (gestos, expressão facial/corporal, olhar, choro…). Esta capacidade é, assim, mais do que falar e o desenvolvimento desta competência dá-se ao longo da vida, primeiramente através da interação com o adulto, tendo este um papel preponderante, pois funciona como um apoio para a criança, interpretando o que ela produz, corrigindo-a, expandindo o seu enunciado e proporcionando modelos que poderá seguir. É resultado das interações, envolvendo o desenvolvimento de habilidades verbais e não-verbais e, principalmente, a capacidade de as usar de maneira adequada no contexto social. Contudo, para além dos fatores extrínsecos, existem caraterísticas individuais e outros fatores intrínsecos que podem comprometer o desenvolvimento harmonioso das competências comunicativas. É o caso de crianças com Perturbação do Espectro do Autismo (PEA).
A síndrome de Asperger enquadra-se na PEA, uma perturbação do neuro-desenvolvimento que afeta os processos de socialização e comunicação, tendo uma expressão mais ligeira. As pessoas com essa síndrome sentem e interpretam o mundo de forma diferente, podendo ter dificuldades persistentes para comunicar e interagir socialmente.
A comunicação das crianças do espectro do autismo tem várias particularidades e pode não seguir o mesmo percurso de desenvolvimento observado em crianças neuro-típicas. Crianças com Síndrome de Asperger com frequência apresentam dificuldades que variam desde problemas na compreensão da informação, dificuldades de expressão e do uso de competências sociais. Assim, mesmo tendo adquirido linguagem compreensiva e expressiva têm dificuldade em fazer um uso funcional da linguagem (pragmática).
Existem sinais de alerta na comunicação do bebé e da criança durante o desenvolvimento, a que o adulto deve estar atento, que poderão permitir um diagnóstico atempado e uma maximização na adequação das competências para a comunicação.
Sinais de Alerta
- Não reage a estímulos/brincadeiras;
- Não olha/mantém contacto ocular;
- Não faz um diálogo (turnos comunicativos; pouca iniciativa para iniciar diálogo);
- Salta de tema em tema (Não mantém tópico de conversação);
- Quer falar sempre do mesmo assunto (Não altera o tópico de conversação);
- Problemas de empatia e interesses restritos;
- Dificuldade na imitação verbal e não verbal;
- Dificuldade na reformulação do discurso;
- Interpretação literal da linguagem;
- Apresenta reação exacerbada a situações comuns;
- Reage mal a alterações na rotina.
Se a criança apresenta um ou mais dos sinais de alerta mencionados, procure ajuda especializada de uma equipa multidisciplinar.
Por:
Diana Dias (Terapeuta da Fala);
Andreia Amaro (Terapeuta da Fala);
Cátia Miranda (Terapeuta da Fala);
Sem Comentários