Combate ao Bullying

Combate ao Bullying

Dia 20 de Outubro, celebra-se o Dia Mundial de Combate ao bullying. Este dia adverte-nos para este fenómeno, que muitas vezes está mais presente no contexto escolar do que pensamos, e relembra-nos da necessidade de educar, prevenir e sensibilizar toda a comunidade escolar.

Descrevemos bullying como um padrão de comportamentos agressivos, deliberados, de uma ou mais crianças para com outra. No entanto, nem todos os conflitos podem ser considerados situações de bullying, para conseguirmos reconhecer uma situação de bullying temos que nos certificar da existência de três fatores:

1 – Desigualdade de poder entre o agressor e a vítima, podendo este poder ter várias formas:

Poder físico (o agressor ser fisicamente mais forte que a vítima),

Poder psicológico (crianças tímidas, introvertidas, com menor autoestima, com tendência ao isolamento, tem maior probabilidade de ser vítimas de bullying, bem como crianças com necessidades educativas especiais e/ou deficiências físicas visíveis)

Poder financeiro (crianças de níveis socioeconómicos mais fragilizados têm maior probabilidade de ser vítima de bullying)

Poder social (estudantes novos na turma/escola, com poucos amigos, crianças pertencentes a minorias étnicas e/ou religiosas, também têm maior probabilidade de ser vítima de bullying), entre outros…

2 – Repetição sistemática e consistente das agressões. Conflitos e discussões pontuais não podem ser considerados bullying, as agressões (sejam físicas ou não) numa situação de bullying acontecem com regularidade de forma consistente, perpetuando e abusando da relação de desigualdade de poder entre o agressor e as vítimas.

3 – Intencionalidade das agressões. O bullying é também caracterizado pela intencionalidade das agressões, com o objetivo de causar mal-estar e sofrimento à vítima, sendo que qualquer agressão não intencional, mesmo que repetitiva, não é considerada bullying.

É importante conseguir distinguir comportamentos de bullying, de conflitos pontuais que são comuns no desenvolvimento das crianças, lembremo-nos que o bullying é um crime público que pode e deve ser reportado por qualquer membro da comunidade escolar assim que identificado, devido às consequências graves que poderá ter na vida das vítimas, consequências essas que incluem danos físicos e psicológicos, a curto e longo prazo, ou em certos casos, a morte.

Existem várias formas de bullying ao qual se deve estar atento, para além do bullying físico, que sendo aquele que é mais fácil de identificar, pode levar a que não se dê conta dos sinais das outras formas de bullying.

As várias formas de bullying incluem:

  • Bullying físico, o mais reconhecível, caracterizado por agressões físicas;
  • Bullying verbal, insultar, fazer troça, colocar alcunhas desagradáveis;
  • Bullying psicológico, caracterizado por ameaças, e exclusão social da vítima, ou manipulação do grupo social para exclusão da vítima;
  • Cyberbullying, este tipo de bullying é cada vez mais comum, acontece através das tecnologias e das redes sociais, poderá incluir comportamentos como, a circulação de rumores, humilhações, fotos embaraçosas ou de cariz privado, insultos, duas características específicas a este tipo de bullying são a facilidade de anonimato do agressor, e a facilidade de partilha de conteúdo a um público muito grande;
  • Bullying sexual, caracterizado por agressões de cariz sexual, apalpões, forçar beijos, etc., este tipo de bullying também inclui a exclusão da vítima pela sua orientação sexual.

 

O bullying é um problema social que pode acontecer em qualquer escola, apesar de existirem fatores de risco e preditores, qualquer criança pode ser vítima, agressor ou testemunha de uma situação de bullying. A melhor forma de combater o bullying é conhecer e ter atenção aos sinais, manter canais de comunicação disponíveis, abertos e livres de julgamento para com as crianças, e educar as crianças para que elas saibam o que fazer quando confrontadas com uma situação de bullying.

Os sinais de alerta de uma criança que poderá ser vítima de bullying incluem: tristeza, apatia, tendência para o isolamento, baixa autoestima e autoestima, desmotivação, diminuição do rendimento escolar, perturbações alimentares (anorexia, bulimia, etc.) ou do sono (insónias, pesadelos frequentes), ansiedade, depressão, comportamentos autolesivos, alterações de humor frequentes, dificuldade em manter a atenção, queixas físicas permanentes, aparecer com roupa ou material estragado e/ou aparecer com marcas físicas (nodoas negras, feridas), sem explicação coerente para elas, pedir mais dinheiro aos pais ou tirar sem autorização, apresentar comportamentos de evitamento, estar mais carente, recusar falar da escola.

Portanto, este dia 20 de outubro, celebremos o combate ativo ao bullying pelo apoio e pela prevenção, e celebremos escolas mais seguras, uma comunidade escolar mais atenta, e crianças mais felizes.


André Ginja
Psicólogo

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